Design Sprint e Lean Inception: o que são e quando utilizar cada um?

Neste artigo você vai ver:

Já participei de diversos workshops de ideação e inception de novas iniciativas. Estes workshops sempre eram facilitados baseando-se em técnicas de Design Thinking, Design Sprint e Lean Inception

Nestas experiências, sempre tinha a impressão de estarmos utilizando um “combinado” de técnicas destes métodos. E nunca de fato, vivendo a experiência de imersão de uma semana, seguindo os roteiros definidos por Jake Knapp e Paulo Caroli em seus respectivos métodos.

Isto me instigou a estudar mais sobre Lean Inception e Design Sprint (inclusive na versão 2.0 publicada pela AJ&Smart), com o propósito de responder a seguinte pergunta: “Design Sprint x Lean Inception: O que são e quando utilizar cada um?”

Essa questão, que espero responder abaixo, mas antes de compará-los e tentar encontrar a melhor chave de fenda para cada parafuso, vale reforçar as principais definições de cada um.

O que é Design Sprint?

No fim dos anos 2000 e início da década de 2010, Jake Knapp e seus colegas de trabalho da Google Ventures (a divisão de investimentos de risco da Alphabet) estabeleceram e experimentaram – em vários produtos da Google que utilizamos até hoje –  um método para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias. 

Esse “time-box” característico ajudou a batizar o método como Design Sprint. Nele, a cada semana é conduzido um workshop estruturado e prático para definir, construir e testar – com clientes potencialmente reais – um protótipo que represente a possível solução de um problema.

Nesse sentido, o grande ganho dessa abordagem é a redução do tempo investido na descoberta e validação que normalmente levaria muito mais tempo seguindo as tradicionais técnicas de Design Thinking.

O que é Lean Inception?

Enquanto a Design Sprint surgia nos escritórios da Google Ventures, um brasileiro chamado Paulo Caroli também começava a compilar suas técnicas e aprendizados após facilitar centenas de inceptions ao redor de todo o mundo como consultor da Thoughtworks.

Surgia então, em 2011 o Lean Inception, que também é um workshop estruturado e prático que simplifica o processo de co-criação de um produto de forma iterativa e incremental, traduzindo essa visão de produto (de longo prazo) em um plano de MVP (Minimum Viable Product) que permite início e aprendizados rápidos.

Quer conhecer mais sobre Lean Inception? Então assista a essa live exclusiva que fizemos com o Paulo Caroli:

Design Sprint e Lean Inception

Pela própria definição, vemos que existem muitas similaridades entre estes dois métodos. Ambos são oportunidades de “mão-na-massa”, que buscam desenvolver melhor a ideia de um produto ou solução e que, de fato, tem sucesso comprovado pela ampla utilização de ambos em diversas organizações em todo o mundo.

As práticas e exercícios que são realizados em cada um dos dias destas jornadas são diferentes. Mas além disso, existem três grandes diferenças entre Design Sprint e Lean Inception. Apresento estas diferenças no quadro abaixo, pois elas ajudarão a definir o entendimento sobre a escolha do workshop certo.

 Design SprintLean Inception
Produto FinalProtótipo TestadoPlano para um MVP
ParticipantesTime de Design + Especialistas + Potenciais ClientesTime de desenvolvimento + Stakeholders de Negócios
Tomador de Decisão*SimNão

Quadro comparando Design Sprint e Lean Inception quanto à objetivo, participantes e necessidade ou não de um tomador de decisão.

* O tomador de decisão tem um peso maior nas decisões do workshop e é fundamental para manter a cadência e o time-box das atividades, ao ajudar o facilitador encerrando discussões extensas e improdutivas. Adiante, apresento mais detalhes sobre este papel.

Quando usar o quê?

A escolha sobre qual workshop deve ser utilizado deve se basear basicamente em dois aspectos (e que se relacionam às diferenças do quadro acima). O primeiro – e mais importante – é o objetivo que se espera alcançar. O segundo, é o que você tem em mãos (tanto em termos da clareza da visão de produto, quanto da equipe disponível).

Quando usar: Design Sprint?

Nas situações em que o objetivo principal a ser alcançado é uma ideia de produto e vocês ainda não possuem muitas pistas sobre essa solução, a melhor decisão é rodar uma Design Sprint. Nesse cenário, no fim do workshop terão em mãos um protótipo do produto já com algum feedback de potenciais usuários.

Como esse cenário trabalhará com maior foco na ideação, é importante que os participantes selecionados para atuarem no workshop de Design Sprint estejam habituados a trabalharem com design e prototipação. Dessa forma, poderão co-criar com os demais especialistas no negócio/produto estabelecendo um protótipo realmente aderente às necessidades dos usuários ou clientes. E por falar neles, será preciso mobilizar cinco potenciais clientes de seu produto para um teste no último dia da sprint. E aqui, não vale trapacear, nada de escolher alguém do time que ajudou na construção do protótipo, pois senão acabará enviesando o feedback do trabalho realizado ao longo de toda semana.

Quando usar: Lean Inception

Em cenários em que já existe uma visão mínima do produto, mesmo que ainda necessite de algum consenso e o objetivo principal é ter um plano de curto e médio prazo de funcionalidades que podem compor um MVP, o melhor caminho é rodar uma Lean Inception.

Para alcançar este objetivo, você precisará contar com os responsáveis das áreas de negócios e também com os membros atuais ou futuros do time de desenvolvimento (dependendo do momento de mobilização do time em que esteja), que serão importantes na definição e priorização das features em termos de esforço, custos e prazos.

Essa aplicação importante ressaltar que o próprio Paulo Caroli reforça em seu livro sobre Lean Inception:

“Ele (Lean Inception) não substitui as sessões de ideação, as entrevistas com os usuários, a pesquisa de mercado, a revisão de arquitetura, a análise da concorrência ou o canvas do mapeamento de projetos e negócios. É uma técnica específica que é parte do entendimento do que é necessário para construir um produto de sucesso.”

Sobre o Tomador de Decisão

Propositalmente, não foquei na necessidade de se ter um tomador de decisão como um fator preponderante na decisão sobre qual workshop utilizar. Vejo que ainda existem em alguns lugares uma visão equivocada sobre as responsabilidades que esse papel de fato deve desempenhar em uma Design Sprint.

A obrigatoriedade de se ter um tomador de decisão durante o workshop de Design Sprint não se dá apenas para “valorizar a voz do CEO” (por exemplo em uma startup) ou para garantir que o trabalho feito na Sprint estará alinhado com a visão da alta gestão (em grandes organizações).

As técnicas de votação e priorização da Design Sprint reconhecem um peso maior na opinião do decisor, mas ele não é de fato a única voz ativa. Ainda assim, as decisões são consensuadas com todo o grupo de participantes. Além disso, a grande importância do decisor é ser um apoio para o facilitador, encerrando debates intermináveis e improdutivos ao longo dos exercícios.

Então, a Design Sprint é tão colaborativa como uma Lean Inception. Tanto um quanto o outro são aplicáveis para startups e podem ajudar a concepção de produtos em empresas de grande porte e com hierarquia pouco flexível. 

É possível usar Design Sprint e Lean Inception combinadas? Sim.

Agora que você já viu em quais situações Design Sprint e Lean Inception são mais indicadas, saiba que há um terceiro caminho: combinar as duas.

Quem sugere essa combinação é o próprio Paulo Caroli neste artigo. No material ele apresenta duas opções para essa combinação conforme resumido na imagem a seguir.

Em suma, você pode combinar as técnicas de duas formas:

  • Primeira Opção: Utilizar primeiro o Design Sprint como ferramenta de ideação e combinar com a Lean Inception posteriormente para determinar o MVP
  • Segunda Opção: Começar pela Lean Inception para determinar o MVP a ser construído e levar o resultado deste MVP para uma rodada de Design Sprint com o intuito de prototipação das interfaces de usuário (UI).
Um esquema simples que resume as opções 1 e 2 de combinação de Lean Inception e Design Sprint. Sendo a opção 1, Design Sprint (Ideia) e Lean Inception (MVP) e Opção 2 sendo Lean Inception (MVP) e Design Sprint (UI).

Conhecer o que se espera alcançar ao final da semana de Design Sprint ou Lean Inception e o que vocês têm em mãos para conduzir este workshop são as grandes chaves para tomada de decisão sobre qual caminho escolher.

Inclusive, quer explorar mais as diferenças entre os dois workshops? Então assista esse Zup Clipes sobre Lean Inception vs Design Sprint. Confira:

E você, tem alguma preferência? Já usou elas combinadas? Conta para a gente sua relação com Design Sprint e Lean Inception nos comentários!

Capa do artigo Lean Inception e Design Sprint, com posts its coloridos em um quadro branco.
Foto de Carlos Henrique Alves Vieira (Kaique)
Transformation Lead
Transformation Lead na Zup. É pai de 3 garotos fantásticos e apaixonado por tecnologia e futebol americano. Atua na liderança da 4Agile, a comunidade de agilidade e inovação de Uberlândia.

Este site utiliza cookies para proporcionar uma experiência de navegação melhor. Consulte nossa Política de Privacidade.