Inovação em Israel – Por que fizemos um intercâmbio cultural lá?

Neste artigo você vai ver:

Nós criamos tecnologia, e por isso, é muito importante estarmos sempre em dia com o que há de mais inovador e disruptivo. Por isso, em setembro enviamos uma delegação com 16 pessoas executivas para um intercâmbio cultural para conhecer a inovação em Israel.

Inovação é coisa séria para gente. Afinal, somos a Zup Innovation, não é mesmo? ?

Quer conhecer o que de mais interessante eu e o time da Zup conhecemos durante essa viagem? Então continue lendo!

Como foi a viagem para conhecer a Inovação em Israel?

Antes de pisar no aeroporto, nosso time passou por um programa intenso de estudos e troca de conhecimento que durou 6 meses. Em seguida, visitamos 18 empresas em cinco dias em cidades como Tel Aviv e Jerusalém. Empresas com soluções, por exemplo:

  • setor financeiro 
  • segurança da informação 
  • blockchain 
  • tecnologia 5G 
  • pagamentos 
  • inteligência artificial
  • crédito baseado em análise facial (isso mesmo!) 

Isso sem falar nos hubs de inovação, co-workings, Emergency Care Center (baseado no modelo plataforma e com muita tecnologia envolvida!), centros de aceleração e na Universidade Hebraica.

Inclusive, vale comentar mais sobre Tel Aviv e Jerusalém.

Tel Aviv especialmente se tornou um polo cosmopolita, de pensamento livre, respeito à diversidade e tecnologias no mundo moderno. 

Já Jerusalém, cidade que naturalmente conhecemos pelas histórias bíblicas, vive lado a lado a tradição de milênios da cidade velha e a pulsante evolução das startups ao virar a esquina. 

Mas por que Israel?

O ecossistema de inovação em Israel é um dos melhores do mundo e as startups israelenses têm um alto nível de atratividade de investidores estrangeiros. A cultura de inovação em Israel fez com que esse país se tornasse mundialmente conhecido como a “Nação das Startups”.

Inclusive, para quem não conhece, recomendo demais o já famoso livro “Start-up Nation: The Story of Israel’s Economic Miracle”.

Para se ter ideia do impacto do ecossistema de inovação em Israel, reunimos alguns números de 2021: 

  • Cerca de US$ 25,4 bilhões arrecadados, representando um crescimento de 136% em investimentos de capital em relação a 2020. Assim, Israel superou o aumento médio global (71%) e o dos EUA (78%).
  • O número de mega-rodadas subiu de 22 em 2020 para 74 em 2021, atingindo US$ 14,77 bilhões — 310% a mais — e representando mais da metade do financiamento total.
  • 2021 viu 33 empresas de tecnologia de capital fechado se juntarem ao clube de bilhões de dólares, atingindo um total de 53 unicórnios israelenses.
  • O número de IPOs saltou de 22 em 2020 para 57 em 2021, levantando US$ 4 bilhões acumulados. Embora a tendência tenha ganhado muitas manchetes este ano, apenas 10 empresas realizaram fusões SPAC, levantando um acumulado de US$ 4,9 bilhões.
  • Alguns dos investidores mais ativos em 2021 foram VCs estrangeiros que estão entre os maiores investidores de tecnologia do mundo, incluindo Insight Partners (participou em 49 rodadas), Bessemer Venture Partners (23) e Tiger Global Partners (16).

Com esses números, não é de se estranhar que o PIB de Israel alcançasse em 2021 a marca de US$ 51.430 per capita em comparação com a média mundial de US$ 12.259 per capita. Israel, portanto, está na 28ª posição comparado às maiores economias do mundo com um PIB total de US$ 481.59 bilhões naquele ano.

Além disso, 5,4% de seu PIB de Israel é investido em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mais que o dobro da média dos países integrantes da OCDE.

Vamos abordar os pontos fortes da cultura de inovação em Israel e o que torna seu ecossistema tão eficiente.

A viagem para conhecer a Inovação em Israel foi tão inspiradora que gravamos um Zupcast especial, ouça a seguir:

3 aprendizados com a cultura de inovação em Israel

Conhecimento é uma das poucas coisas que quanto mais se compartilha, mas se tem. Por isso, reuni as minhas impressões sobre a cultura e o ecossistema de Inovação em Israel e trago a seguir.

  1. Grandes problemas se tornam missões que mudam o mundo
  2. Fale o que precisa ser dito
  3. Faça o que precisa ser feito

A seguir vamos ver esses aprendizados em detalhes!

1 – Grandes problemas se tornam missões que mudam o mundo

Tikun Olam em hebraico quer dizer reparar ou transformar o mundo.

Israelenses têm um mindset global. Afinal, o país é pequeno (9 milhões de habitantes, ou seja, menos que a cidade de São Paulo) e fazer negócios com países vizinhos é complicado por diversas questões sócio-políticas. 

Em um cenário como este é importante pensar grande e definir um problema de alcance global a ser resolvido. Se não há alcance global, não há negócio, ou seja, não há viabilidade para o empreendimento.

Não importam idade, gênero, crenças ou posicionamentos. Inovação em Israel tem a ver com conceber ideias que não apenas mudam o mundo, mas que moldam o futuro que se deseja ter — shaping the future. A escassez gera uma necessidade de ter todo mundo comprometido e devidamente preparado para empreender.

Visão e missão de uma empresa em Israel não são apenas slides em apresentações pitch decks. Visão e missão em Israel é coisa séria!

Propósito 

A definição do problema precisa fazer sentido para esta e para as próximas gerações. É preciso um propósito claro e concreto que venha antes de qualquer geração de lucro. 

Um propósito capaz de engajar pessoas não apenas em Israel — onde recursos qualificados podem ser escassos e muito caros — mas que também engaje pessoas de outros países para que seja possível montar times enxutos e extremamente eficientes.

Facilidade de explicar e engajar

Outro ponto importante é que por mais complicado que seja o problema, por maior que seja o desafio, a solução tem que ser fácil de ser explicada. E quando digo fácil, é tão fácil que se torna óbvia e, tal obviedade pode fazer com os mais céticos se remexam nas cadeiras. 

Trata-se de uma obviedade conquistada após muita pesquisa e estudo. Tem que ser fácil de ser explicado em qualquer língua. Fácil de explicar e, de novo, fácil de engajar.

Fale o que precisa ser dito 

Chutzpah significa impetuosidade ou extrema auto-confiança. Em Israel, no entanto, o termo significa um jeito de viver e ser. Se você tem chutzpah, você é alguém tenaz e cheio de determinação para perseguir e realizar seus sonhos.

Assim, ao buscar resolver um problema no mundo dos negócios, uma pessoa israelense dará tudo de si para resolver a situação, independente do seu nível de experiência. Isso, pois correr riscos e tomar decisões audaciosas faz parte desse mindset.

Isso traz como consequência essa necessidade de falar o que precisa ser dito de forma assertiva e objetiva, dispensando conversas que não levam a lugar nenhum.

Em Israel, se algo está errado, alguém vai apontar isso, independente do nível hierárquico e ninguém se sente ofendido por isso. Ao contrário, o israelense é avesso ao baixo risco e entende que falhar é importante.

Isto está tão entranhado na cultura israelense que na parede da Universidade Hebraica tem na parede: “Qual foi sua última grande falha?”, ou seja, errar é aprender.

Inovação em Israel: Grupo de pessoas executivas em frente ao The Sherman Building.

FAIL = First Attempt in Learning (“primeira tentativa de aprendizado”)

Quando uma pessoa não fala o que precisa ser dito, o time entende esta atitude como omissão ou falta de ownership ou comprometimento. Não há espaço para conversas de corredor ou agendas paralelas ao que precisa ser, de fato, resolvido ou melhorado.

Fale o que precisa ser dito de forma direta e clara ou você estará fora do jogo. Receba o que foi dito sem levar para o lado pessoal ou você estará fora do jogo.

Faça o que precisa ser feito

Pragmatismo é a palavra que define a inovação em Israel. Inovação para esse povo é identificar um problema e encontrar ideias para resolvê-lo rapidamente.

Falando de times, o que mais nos chamou a atenção foi que as empresas que visitamos possuem equipes enxutas trabalhando no CORE do produto. Principalmente nas empresas em estágio inicial de investimento. 

Assim, se há algo pronto na nuvem como SaaS, se não é CORE e, se é viável financeiramente, estas empresas não hesitam em contratar.

Portanto, em uma decisão de Make or Buy, o que não é CORE torna-se facilmente Buy, evoluindo todo o ecossistema.

Com isso, times de produto ficam focados no CORE do produto e não constroem coisas prontas já disponíveis no mercado ou no próprio ecossistema israelense.

Times enxutos obviamente requerem alta eficiência. Três elementos de alta eficiência são observáveis:

  1. Propósito compartilhado (vivenciado no Tikun Olam)
  2. Liberdade para dar feedbacks sinceros (vivenciado no Chutzpah)
  3. Valores compartilhados

Na cultura de inovação em Israel, as pessoas não só possuem senso de pertencimento, mas também sendo de dono (founder culture). Mais do que um PPT bonito, pitch de produto para esse povo é estar em produção o mais rápido possível para validar a ideia que, uma vez validada, abre espaço para o ganho de escala igualmente ágil.

Israelenses olham para frente. Set backs (recuos) ou falhas são motivos de aprendizado, motivos para continuar seguindo em frente numa cultura que privilegia não apenas o saber, mas, e principalmente, o que você faz com aquilo que sabe.

Ecossistema de inovação em Israel

Diversas empresas (mais de 200 multinacionais) já escolheram Israel para investir em inovação seja investir-investir ou criar centros de inovação lá. Por exemplo, Microsoft, Motorola, Google, Apple (três centros de P&D), Facebook, Berkshire-Hathaway, Intel, HP, Siemens, GE, IBM, Philips, Lucent, AOL, Cisco, Applied Materials, IBM, J&J, EMC e Toshiba. 

Além da cultura que já mencionei, o ecossistema de inovação israelense é vibrante abrange os mais diversos setores e segmentos da indústria.

Mão de obra e qualificação

Com forte investimento em P&D, o país conta com uma força de trabalho instruída e muito qualificada. Israel tem um sistema educacional de alta qualidade e está entre as sociedades mais educadas do mundo.

Além disso, Israel possui a maior porcentagem de profissionais de engenharia e ciências per capita do mundo e uma das maiores taxas de diplomas universitários e publicações acadêmicas per capita.

Incubadoras

O governo israelense fundou o programa Incubadora de Tecnologia no início dos anos 1990. Hoje existem mais de 25 incubadoras em todo o país, todas privatizadas. As incubadoras oferecem financiamento governamental dos custos do projeto em estágio inicial. Elas nutrem as empresas desde a semente até o estágio inicial, minimizando assim o risco para quem investe. 

Outros programas operados pela Autoridade de Inovação em Israel incluem fundos binacionais (programas conjuntos de P&D com contrapartes estrangeiras como China, Canadá, EUA etc.), que também entram com assistência financeira nos custos de P&D da empresa israelense.

Investimentos

Há uma Lei do Investimento que permite que empresas estrangeiras se beneficiem de taxa reduzida de imposto. Programas de incentivo que oferecem bolsas de emprego para centros de P&D e grandes empresas, entre outras iniciativas.

A indústria de startups de Israel é complementada por um florescente mercado de capital de risco com mais de 70 venture capitals, 14 dos quais são VCs internacionais com escritórios em Israel. Assim, Israel supera de longe qualquer outro país em volume de capital de risco per capita. 

Essa disponibilidade de capital de risco é um símbolo do fôlego de suas indústrias inovadoras e do seu setor financeiro altamente eficiente.

Inovação em Israel: Foto do grupo de pessoas executivas da Zup no encerramento da visita com seus respectivos diplomas de conclusão.

Conclusão

A capacidade da Inovação em Israel de agir rapidamente com flexibilidade e adaptabilidade, explica seu forte desempenho. A competitividade entre as próprias empresas é notável, porém com um ecossistema tão eficiente, todo mundo sai ganhando.

Não é lucro pelo lucro, por mais que isso seja importante sim.

Inovação em Israel é identificar um problema, encontrar as melhores ideias e colocar em prática tudo o que se sabe para fazer do mundo um lugar melhor.

Grupo de pessoas executivas em frente a cidade de Jerusalém. Ao fundo é possível ver, por exemplo, a Cúpula da Rocha ou Domo da Rocha, uma das construções mais características da cidade velha de Jerusalém.
Foto de Carlos Ferraiuolo
Data Director
Data Director na Zup, com passagem por grande empresas de varejo do Brasil e do mundo. Especialista em soluções e produtos que envolvam utilização de dados e inteligência artificial para tomada de decisão em ambientes críticos. É um nerd, mas ao mesmo tempo pragmático quando o assunto é inovação, criação de times de alta performance, ESG em sistemas complexos e organizações exponenciais.

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